PROFISSIONAIS GANHAM ESPAÇO NO SETOR

A participação das mulheres na engenharia, área tradicional e majoritariamente ocupado por homens, vem aumentando ao longo do tempo. A Relação Anual de Informações Sociais do Ministério da Economia, de 2018, revela que, no conjunto das engenharias, há cerca de 40 mil mulheres engenheiras no Brasil. E dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) registram crescimento de 42% no número de engenheiras registradas anualmente no órgão entre 2016 e 2018. Entretanto, no cenário total, a participação feminina entre os profissionais ativos na área é de apenas 15%.

Na AEAN (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste) o índice é maior, sendo as mulheres pouco mais de 18% dos associados. Duas delas fazem parte da diretoria da entidade. A engenheira Gisele Sartori Bracale é 1ª vice-presidente (tendo sido a primeira presidente da AEAN de 2013 a 2018), e Adriana Aparecida Coelho Zavanelli, 1ª diretora social. No Dia Internacional das Mulheres na Engenharia (23/06), as profissionais relatam que ainda existem desafios, mas também conquistas importantes.

Problemas e soluções

Quando Gisele entrou na faculdade de engenharia, em 1979, na turma de 80 alunos havia apenas quatro mulheres. “Hoje, este número já é bem maior e sei que aumenta a cada ano. É um crescimento lento, mas contínuo. A mulher está se dando conta de que ela pode ser e fazer o que quiser”, comenta. Para ela, o maior desafio da mulher na engenharia é ter que se impor sempre. “Temos que nos preparar e acreditar em nós mesmas – embora isso seja válido pra todo mundo, seja mulher ou homem –, e isto não é fácil, pois bate uma insegurança. É imprescindível se manter atualizada, estudar sempre porque quando estamos preparadas temos mais confiança”.

A vice-presidente da AEAN diz ainda que valorizar as profissionais engenheiras é dever de todos que fazem parte do grande mercado das engenharias. A dica da engenheira é estudo e atualização constante. “As mulheres que querem fazer engenharia devem ter em mente que a atividade diz respeito a pensar, estudar, projetar, executar e criar soluções para um problema. Tem que gostar de estudar e se atualizar constantemente. Me formei em dezembro de 1983, mas em julho de 1983 já comecei a estagiar em uma empresa de cálculo estrutural, e até hoje trabalho nesta área. Gosto muito de estudar, ler, e com essa pandemia os cursos se tornaram on line, sendo em grande parte gratuitos. Tenho assistido pelo menos duas lives por semana. Adquirir conhecimento é maravilhoso”, conclui.

Adriana também destaca o papel da mulher na engenharia, a importância da representatividade feminina e sobre como a mulher engenheira é vista no mercado predominantemente masculino. “As mulheres têm construído um legado muito rico na engenharia. Hoje, elas ocupam 50% das cadeiras das universidades. São as filhas daquelas mulheres que enfrentaram os ‘pré-conceitos’ de um sistema que se acreditava inalterável. São as filhas de mulheres fortes que as ensinaram que podem fazer o que quiserem. As engenheiras já ocupam um grande espaço, e têm capacidade para muito mais, na medida em que o empoderamento feminino conquista o respeito do mundo corporativo”, destaca Adriana.

De acordo com a engenheira, um dos principais desafios para a mulher nessa área é ser vista e reconhecida pela sua capacidade e não pela aparência. “Ainda existe uma associação equivocada entre capacidade profissional e fragilidade feminina. Está errado, pois esta área do conhecimento não tem sexo, não pertence a um gênero específico. No que diz respeito à mulher engenheira, entendo que a percepção feminina traz uma enorme contribuição à engenharia, que não pode ficar restrita somente ao mundo técnico. A engenharia foi criada para construir uma sociedade melhor, a dos grandes centros e também a das periferias. É preciso ter em mente que a engenharia deve ser levada onde ela é necessária, e não apenas onde ela ‘aparece’. E isso, a mulher entende e faz muito bem”, finaliza.

Depoimento de Charlotte Blair do IEEE  do  Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

“Eu tenho um PhD em Engenharia Elétrica e trabalho como gerente técnico em uma grande empresa Fortune 500 e trabalho como voluntária com IEE Women in Engineering”, disse IEEE  Mulheres em Engenharia Membro do Comitê Charlotte Blair em uma mensagem de vídeo recente. “Mais importante ainda, sou mãe, sou avó, sou tia, sou sua colega e tenho uma necessidade e desejo pessoal de moldar nosso mundo, não apenas para o futuro da minha família, mas também para nosso."

O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia aconteceu pela primeira vez em 2014. O dia foi criado pela Women's Engineering Society (WES), que foi fundada por um pequeno grupo de engenheiras em Londres em junho de 1919 - um século atrás!

Desde então, mulheres fizeram algo incrível contribuições para a engenharia. Edith Clarke, uma das primeiras funcionárias da AT&T, é considerada a “primeira engenheira feminina”. Ela inventou a calculadora Clarke. Com o nome dela, a calculadora foi o primeiro dispositivo a resolver problemas matemáticos relacionados à eletricidade. Hedy Lamarr, que era atriz e engenheira, inventou um dispositivo que impedia os espiões inimigos de ouvir informações secretas durante a Segunda Guerra Mundial. Marissa Mayer, conhecida como a primeira engenheira do Google e a primeira CEO feminina de uma empresa Fortune 500 (Yahoo), detém uma série de patentes em inteligência artificial.

Parabéns a todas as mulheres neste dia Internacional das Mulheres na Engenharia

UM OLHAR CUIDADOSO EM TUDO QUE FAZ