PLANTANDO ÁGUA

Em um estudo publicado na revista Frontiers in Conservatios Science os pesquisadores alertam para um “futuro medonho”.

A humanidade está causando uma rápida perda da biodiversidade e, com ela, a capacidade  da terra de sustentar vidas complexas” disse o autor principal e ecologista, Corey Braadshaw.

Para Bradshaw e  sua equipe, a humanidade ter chegado a nessa situação se deve a um pensamento que não coloca as questões ambientais como prioridade. “O problema é agravado pela ignorância e pelo interesse próprio de curto prazo, com a busca por riquezas e intersse políticos atrapalhando a ação que é crucial para a sobrevivência”disparou o especialista.

Já para o professor Paul Ehrich, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos “Parar a perda de biodiversidade está longe de estar no topo das prioridades de qualquer país, ficando muito atrás de outras preocupações como, emprego, saúde, crescimento econômico ou estabilidade monetária”.

Para o professor Dan Blumstein, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) declara “O que estamos dizendo pode não ser popular e, de fato, é assustador. Mas precisamos ser francos e honestos”. “A humanidade precisa entender a enormidade dos desafios que enfrentamos na criação de um futuro sustentável”.

Um bom exemplo, de preocupação com a escassez da água, foi dado por um agricultor suíço que, há pelo menos 40 anos, tem transformado terras vistas como “irrecuperáveis” em referências não só de produção, mas também de consciência ecológica por meio de um processo que ele qualifica como “plantio de água”.

 O homem em questão se chama Ernst Götsch (73), natural de Zurique, na Suíça, que veio para o Brasil na década de 1980.

, Götsch chegou ao Brasil e adquiriu terras cujos proprietários anteriores haviam destruído quase que por completo, graças a práticas tradicionais do agronegócio. Segundo ele, a área era conhecida por plantações convencionais de mandioca, que esgotaram os recursos da terra e levaram ao assoreamento de 14 riachos próximos – em outras palavras, a ausência de vegetação nas proximidades gerou um acúmulo de terra, lixo e matéria orgânica no fundo das águas, que aos poucos foram secando ou se desviando.

A prioridade do suíço, então, era justamente a recuperação hídrica das terras, o que foi feito por meio de práticas de reflorestamento de vegetação ciliar – aquelas que beiram corpos d’água – a fim de preservar o solo da erosão, ao mesmo tempo em que cavou valas nos cursos originais dos riachos. Em pouco tempo, o volume de chuvas na área aumentou, ampliando a capacidade hídrica e recuperando o que o governo da época considerava perdido.

“Dentro de pouco menos de dois anos, eu tinha reflorestado tudo”,

Evidentemente, o conceito tem um nome técnico – “evotranspiração”, ou seja, apostar na transpiração das árvores replantadas para intensificar a formação de nuvens, que aumenta o volume de água devolvida ao solo por meio de chuvas (um fenômeno conhecido como “rio voador”).

Na prática, o resultado disso foi o aumento de volume pluviométrico – a média de ocorrência de chuvas – em 70%, em uma área que abrange até 8 quilômetros (km) a oeste de sua fazenda.

O suíço Ernst Götsch, que veio ao Brasil há quatro décadas, vem implementando práticas agrícolas amigáveis ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que promove seus conhecimentos para entidades nacionais e internacionais (Imagem: BBC Brasil, via Youtube)

Evidentemente, o conceito tem um nome técnico – “evotranspiração”, ou seja, apostar na transpiração das árvores replantadas para intensificar a formação de nuvens, que aumenta o volume de água devolvida ao solo por meio de chuvas (um fenômeno conhecido como “rio voador”)

Na prática, o resultado disso foi o aumento de volume pluviométrico – a média de ocorrência de chuvas – em 70%, em uma área que abrange até 8 quilômetros (km) a oeste de sua fazenda.

Götsch na Bahia é mundialmente reconhecida como um pólo produtor de cacau e outros recursos naturais (Imagem: BBC Brasil, via Youtube)

Segundo o que ele contou à BBC, isso envolveu o desenvolvimento de práticas de cultivo que imitassem os ecossistemas originais. No caso do Brasil, isso envolveu “respeitar as condições de que cada planta usufruía em seu estado natural, como a quantidade de luz”. conforme trecho da matéria.

Não à toa, nem só de cacau vive a área, que também conta com plantações de abacaxi, café, laranja e bananas, entre outros recursos. Todos esses, contudo, obedecem a condições diferentes de cultivo, então abordagens mais aprofundadas se fazem necessárias.

Isso se traduz em um retorno maior a longo prazo do que, digamos, a introdução de agrotóxicos e outros produtos químicos vistos nas lavouras tradicionais. Para Götsch, essa prática se mostra um investimento alto, com pouco retorno. Considerando que eventualmente o uso desses produtos vai empobrecer ou até mesmo destruir as capacidades de plantio, o agricultor suíço diz que o modelo “traz um balanço energético negativo”, onde é mais cara a produção do que seus resultados.

Considerando a idade avançada, Götsch agora divide seu tempo em passar o que aprendeu a gerações mais jovens – ele construiu alojamentos em sua propriedade para receber alunos (a quem chama de “estagiários”), e idealizar projetos internacionais que empreguem seu conceito. “Quando você para de sonhar, não vive mais”, ele disse, pouco depois de comentar sobre planos de “reflorestar desertos” e confessar um princípio de conversa com o governo da Arábia Saudita para a criação de áreas verdes.

Fonte: Olhar Digital e Ciência e espaço